Suíço transforma área degradada na Bahia em floresta de 500 hectares
Quem conheceu nos anos 80 a Fazenda Fugidos da Terra Seca, na cidade de Piraí do Norte, na Bahia,
jamais poderia imaginar que 4 décadas depois o local seria berço de uma das maiores plantações de cacau orgânico do Brasil, além de lar de inúmeras espécies de biodiversidade.
A área estava completamente degradada, após anos de extração intensiva de madeira e queimadas para abertura de pasto.
Mas onde todos enxergavam morte, o suíço Ernst Götsch viu oportunidade – e até hoje é chamado, carinhosamente, de ‘gringo doido’ por isso.
Recém-chegado ao Brasil, ele comprou a fazenda para testar um modelo de agricultura diferente, inventado por ele mesmo, que já vinha experimentando na Europa.
Trata-se da Agricultura Sintrópica, hoje já amplamente conhecida no Brasil e no mundo, que basicamente utiliza a técnica de cooperação entre espécies.
Que existe em qualquer floresta, para plantar de forma sustentável – e, nesse caso, também recuperar áreas degradadas.
Entre culturas de cacau, mandioca, banana, maracujá e hortaliças, o suíço plantou centenas de espécies de plantas nativas na fazenda, e esperou.
Quase uma década depois, a sede da propriedade foi praticamente engolida por uma linda floresta – e as plantações orgânicas de Götsch também pegaram e passaram a dar frutos.
Até mesmo o regime de chuvas foi restabelecido na região e 14 nascentes de água do entorno foram recuperadas. Tudo graças ao trabalho de regeneração do solo
Desde então, o “gringo doido” é considerado referência em agricultura sustentável por meio da técnica sintrópica.
Ele presta consultoria para uma série de produtores e também faz renda vendendo os orgânicos que cultiva na propriedade
– entre eles, o cacau, que já é comercializado a um valor quatro vezes maior do que o cacau convencional.
E a fazenda? Teve que mudar de nome! Já que “Terra Seca” já não fazia mais sentido para sua realidade.
Hoje ela é chamada de Fazenda Olhos D´Água, em homenagem a todas as nascentes que já ajudou a recuperar. Um nome que faz muito mais jus a sua história, né?