Muita gente se ilude com o uso e mais ainda com a reutilização de recipientes de plásticos para o cultivo de alimentos. Quando reutilizam, pensam que estão colaborando com a preservação do meio ambiente. Ou, quando compram qualquer vaso já produzido com esse material, acham que estão fazendo um bom negócio em função do baixo preço, se comparado com vasos feitos de melhores materiais, como barro e cerâmica, por exemplo.
Ocorre que a maioria dos plásticos possui em sua composição substâncias tóxicas e, para piorar, grande parte dos recipientes utilizados já estiveram em contato direto com substâncias tóxicas que não faziam parte originalmente da sua composição. É o caso, por exemplo, de embalagens de produtos químicos, de tinta, de cola, galões de combustível e embalagens de produtos de limpeza e veneno, que são constantemente reutilizadas.
“O plástico leva 100 anos para se decompor, até lá nós todos já morremos”, lembra Wallimann. Há plásticos que levam até muito mais tempo do que isso. SEM FALAR DA NOSSA RESPONSABILIDADE COM AS GERAÇÕES FUTURAS! O problema é que o plástico não possui relógio de pulso, ele não fica contando segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos até que: “Opa, acabei de fazer 100 anos, é hora de eu me desintegrar e contaminar a natureza”.
Como ocorre com toda matéria, o plástico ao longo do tempo vai desprendendo partículas no ambiente em que se encontra – processo que vai se acelerando com o passar do tempo. É o mesmo que acontece com você, com o seu corpo, por exemplo… Enfim, com seres vivos que vão soltando células ao longo de sua existência. Nada disso é visível a olho nu, mas está acontecendo exatamente agora.
E entre tantos tipos de plásticos, estão as garrafas PET, tidas como queridinhas da galera da reutilização, levadas por muita propaganda e marketing ao coração de ‘nosotros’, afinal “eram embalagens de alimentos, que perigo podem representar?”. É, de fato: a indústria está muito mais preocupada com a sua saúde do que com o lucro. Só que não!
Mesmo que tudo fosse assim tão correto e honesto, ocorre que o tempo, a maneira e as condições ambientais de uso (como temperatura, umidade contínua e exposição ao sol) para cultivar alimentos dentro dessas embalagens são muitíssimo diferentes de quando elas estavam simplesmente embalando alimentos – e quanto mais prolongado e frequente o uso, pior o risco.
As garrafas PET têm símbolo de reciclagem 1 (um) e possuem substâncias contaminantes de desregulação endócrina, além de químicos estrogênicos, que causam problemas hormonais, como identificado por um estudo americano de 2010 chamado Polyethylene Terephthalate May Yield Endocrine Disruptors – entre outros trabalhos similares.
Outras garrafas que embalam água, por exemplo, não são propriamente PETs, mas também não são próprias para serem reutilizadas, tanto é que até mesmo seus fabricantes recomendam seu descarte após o uso. E “existe outro problema relacionado a essas garrafas (de água): o Bisfenol A (ou BPA), um composto utilizado na produção de plásticos e resinas, que é encontrado principalmente nos plásticos que são fabricados com policarbonato (símbolo de reciclagem 7).
Um estudo realizado pela Universidade de Harvard, nos EUA, analisou um grupo de pessoas que utilizou garrafas plásticas com esse material por uma semana e esse curto espaço de tempo foi suficiente para detectar aumento dos níveis de BPA na urina em cerca de 60% (!). Outro estudo da Universidade de Cincinnati descobriu que ao lavar as garrafas com água quente, o processo de lixiviação é acelerado, ou seja, o BPA se desprende mais facilmente quando submetido a altas temperaturas (Lembra que citei a exposição ao sol um pouco antes? Pois é!).
E mais: ao analisar comparativamente o ciclo de vida das embalagens de PET, de alumínio (que é altamente cancerígeno!) e de vidro, a embalagem PET é a que causa os maiores impactos ambientais. Isso falando só dos impactos diretos, sem citar os indiretos e os de pós-consumo. Ou seja, não estamos ajudando a preservar o meio ambiente ao optar pelas garrafinhas plásticas.
Se você reusa uma embalagem, qualquer que seja, as partículas que ela desprende vão para o ar, para o solo e para a água. As plantas e animais absorvem estas substâncias do ambiente e você vai acabar ingerindo-as por meio da sua alimentação. Pesquisa intitulada Endocrine Disruptors in Bottled Mineral Water: Total Estrogenic Burden and Migration from Plastic Bottles relata a presença de substâncias químicas que imitam ou alteram o hormônio estrogênio no corpo humano, principalmente os ftalatos e o bisfenol-A, classificados como estrogênios ambientais.