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Há mais ou menos dois anos eu deixei de comer carne. Antes disso sempre rolava uma churrascada com a família ou com os amigos, onde – como dizem por aí – eu comia carne até o c* fazer bico. Desde pequeno sempre fui apaixonado por carnes. Um cupinzinho na brasa, uma pancetinha com limão, um cordeirinho no molho de hortelã… aô déliça! Se tinha uma coisa que era inimaginável pra mim, era deixar de comer tudo isso. “Me lembro de falar diversas vezes a frase ‘Nunca conseguiria não comer mais carne’. Mas o tempo foi passando e os questionamentos foram surgindo. Até que em algum belo dia, perdido pelo passado, eles chegaram ao meu prato”; e logo depois entrando um tolete de picanha mal-passada.
O tempo foi passando e os questionamentos foram ficando cada vez mais complexos. Até que em algum belo dia perdido pelo passado, eles chegaram ao meu prato de comida. O que eu estava comendo? As minhas escolhas alimentares afetam só a mim mesmo ou também a meu entorno? Como e por quem são produzidos nossos alimentos? Como são criados os animais que se tornarão alimentos?… e por aí vamos.
Graças ao fácil acesso à informação que temos hoje na internet, pude fazer uma vasta pesquisa acerca do tema. Imerso em entrevistas, teses, sites e textos, comecei a ligar os pontos; a perceber o quanto a produção de animais em escala industrial é prejudicial à natureza, à sociedade e ao indivíduo.
À natureza pois, para suprir as enormes demandas por carne, são desmatadas imensas áreas de mata nativa para a produção de milho e soja, matérias-primas para a produção de ração animal. Estes vegetais são, em sua grande maioria, transgênicos; demandando grandes quantidades de agrotóxicos e fertilizantes durante o cultivo. Ou seja, além do desmatamento que extingue a fauna e a flora no local, esse tipo de (mono)cultura tende a desertificar a área de cultivo e seus arredores, a envenenar o solo e , consequentemente, as águas subterrâneas.
É prejudicial à sociedade a médio e longo prazo: mesmo com titulação de “força motriz da economia brasileira”, empregando milhões de brasileiros numa extensa cadeia produtiva, a pecuária e o agronegócio estão, a largos passos, minando a nossa maior riqueza: a biodiversidade. A diversidade e a abundância de vida. A natureza. Muitas doenças humanas provêm da criação de animais em larga escala, o que acarreta em problemas para a saúde pública. As famosas gripes suína e aviária são apenas dois exemplos entre muitos de doenças relacionadas à pecuária. Esse modo de produção é prejudicial também aos indivíduos: tanto aos animais que são criados em condições precárias, quanto a nós, humanos, que temos tantos problemas pelos excessos no consumo de produtos de origem animal.
Isso é só uma palinha do toda uma grande pesquisa, que prossegue. Resultado: nunca mais olhei para aquele cupim, ou pra aquela panceta, ou praquele carrézinho de cordeiro com o amor carnal que olhara um dia. Tendo plena consciência de todo o processo dessa indústria, ficou moralmente embaçado – só pra finalizar com um belo trocadilho – pra engolir isso.
Ps: ganhei o carinhoso apelido de herbívoro pelos meus amigos. Agora sou o ecochato que leva berinjela e abobrinha nos churrascos. E todos comem.
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1 Comment
Leandro
Comigo aconteceu a mesma coisa, jamais havia imaginado ser vegetariano e inclusive achava que era tolice. Alguma coisa mudou, me senti estranho certa vez que almoçava e não achei ser justo me alimentar de outra criatura que tinha mais vontade de viver do que eu. Desde de julho de 2010 nunca mais me alimentei de animais.