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Guerra, perseguições, torturas… Desde 2021, a crise humanitária no Afeganistão é considerada emergencial. Pelo menos 3,5 milhões de pessoas já foram obrigadas a deixar o país de forma forçada para sobreviver.
Destas, cerca de 63% buscaram refúgio em países próximos, como Irã e Paquistão, na esperança de poder retornar para casa quando a situação humanitária melhorar. Outros tantos, no entanto, arriscam deslocamentos maiores, em busca de recomeçar com melhores condições de vida.
Segundo a Polícia Federal, desde setembro de 2021, o Brasil já emitiu 6,3 mil vistos humanitários para afegãos, o que faz com que entidades que atuam com a causa da população refugiada se mobilizem cada vez mais para garantir que essas pessoas tenham seus direitos básicos garantidos – como acesso à saúde e educação -, além de formas de ingressar no mercado de trabalho, seja por meio do empreendedorismo ou de oportunidades de trabalho formal.
Vivendo no Brasil desde agosto de 2022, o administrador de empresas afegão Ahmad Khalid Omid e sua esposa, Hamira, já estão trabalhando. Contratados como mediadores culturais pelo Acnur, a Agência da ONU para Refugiados, eles orientam outros afegãos que chegam ao território brasileiro pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, compartilhando informações e apoiando no acesso a serviços e oportunidades de emprego.
“Deixamos o Afeganistão para nos proteger e tivemos pouco tempo para tomar essa decisão. Entre todos os países que solicitamos ajuda, o Brasil foi o que nos atendeu e deu uma resposta positiva que salvou as nossas vidas”, conta Ahmad.
Ele conseguiu o visto humanitário junto à representação diplomática do Brasil em Islamabad, no Paquistão. “As políticas que impedem discriminação com base em gênero, religião ou nacionalidade são um grande marco do Brasil, que tem uma população muito acolhedora”, opina Ahmad.
A centenas de quilômetros de distância, na cidade de Curitiba, no Paraná, o afegão Rahmatullah Khwajazada também já tem uma atividade remunerada para sustentar sua família no Brasil, onde chegou em novembro de 2021.
“Eu e minha família tivemos que sair do Afeganistão devido à insegurança. O Brasil foi o país que nos possibilitou migrar com a proteção que precisávamos, depois de sermos obrigados a abandonar todo o nosso passado para reconstruir nossas vidas, nos garantindo um futuro sem o medo de nos sentirmos perseguidos”, diz ele, que atualmente trabalha como Analista de Dados numa universidade local.
Segundo o Caged, Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, cerca de 500 afegãos ocupam, atualmente, vagas de trabalho formal no Brasil, sobretudo nos setores de Mídia, Serviços, Agricultura, Construção Civil e Indústria. 37% são mulheres e 13% possuem Ensino Superior completo ou em andamento.
“O visto humanitário e a autorização de residência humanitária regulamentados pelo governo brasileiro são considerados exemplos de práticas que ajudam a resguardar a vida e os direitos da população afegã – que, como mostram os dados, quando tem o devido apoio, contribui para a vida econômica e social das comunidades onde são acolhidos”, diz Oscar Piñero, do Acnur.
Confira formas de ajudar os refugiados do Afeganistão aqui no Brasil!
Com informações de ONU News
Foto: ACNUR/Andrew McConnell