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Fizemos uma oficina com o pessoal da Escola Estadual João Kopke, que fica do lado da Cracolândia. Eles estão ocupando o espaço desde o dia 16 de novembro.
Assim que chegamos, todos estavam aflitos pelos atos de violência que estavam acontecendo em outras escolas. Com eles, não seria diferente. O próprio diretor não apoia a ocupação. Mas com a ajuda de um professor, conseguimos nos unir e realizar a oficina. Foram alguns minutos de meditação, seguido por uma roda de conversa sobre como funciona a escola hoje e quais são as alternativas de melhorias. Nós ficamos só intermediando. Eles foram os grandes educadores ali.
Fizemos uma entrevista bem rapidinha. Nenhum dos jovens quis revelar o nome.
PorQueNão? – O que vocês querem com a ocupação agora? Qual o primeiro desejo da Escola João Kopke?
Ele – O mesmo motivo pelo qual todas as escolas se reuniram, que é o fim da reorganização. Mas a gente quer mais coisas. A gente quer diminuir o número de alunos nas salas, melhorias da quadra, das classes. A gente não tem uma biblioteca. A gente quer interação com a comunidade, temos a Cracolândia aqui do lado. A gente não tem tido pulso ou personalidade para ir lá. A diretoria da escola não dá espaço. Agora estamos indo lá, pelo menos, dando um pouco de comida pra eles e a gente tem tido um feedback muito positivo. A grande maioria nos apoia.
PorQueNão? – O que você imagina da Escola João Kopke daqui a 10 anos?
Ela – Eu quero uma melhoria para a educação, com melhor estrutura na escola, onde os alunos possam praticar o que eles querem fazer das suas vidas. Ter uma amizade com a escola, amizade com os diretores e com a comunidade. Que cada aluno pratique aquilo que nasceu para fazer, que sonhou.
PorQueNão? – O que vocês estão achando da experiência da ocupação?
Ela – Eu estou tendo uma experiência incrível aqui na ocupação. Acho que eu estou aprendendo mais do que ficar sentado aprendendo aquilo que passa na lousa. Eu estou aprendendo a ajudar um ao outro, ver o que cada um necessita. Eu, particularmente como menina, vejo as necessidades das meninas daqui. Elas querem se embelezar, querem chapinha, querem pintar as unhas. Trago essas coisas, assim deixo as pessoas mais felizes.
PorQueNão? – Como é o dia a dia da ocupação?
Ele – Todo dia tem coisa nova. As vezes é problema e as vezes algo bom. Por exemplo, ontem teve uma oficina sobre jornalismo, outro dia sobre comunicação, só que a gente tem alguns problemas também. A gente tem conflitos com a polícia, ontem mesmo a gente teve. Alguns meninos foram parados aqui na frente da escola. Eles estavam ali conversando e simplesmente foram parados. Tiveram alunos detidos e levados para dentro de DP. A gente tem conflito com o diretor que não aceita a nossa ocupação, que não quer e que não apoia. Bom, é um dia a dia corrido e puxado, a gente meio que não dorme direito e tem sempre muita coisa pra fazer. Tem a quadra para ajudar, o pátio para limpar, a gente tem que organizar faixas, tem que fazer comida, tem que dar um jeito de mexer todo mundo, tem muita criança no horário da manhã e a gente tenta sempre dar possibilidades para que todo mundo tenha o que fazer e tenha como se divertir. Estamos buscando algo sério, mas é preciso diversão. Somos jovens, precisamos de diversão, mas é preciso mostrar que não estamos aqui pra brincadeira, a gente está se educando.
Ficamos muito felizes em estar com esses alunos e presenciá-los fazendo história com as próprias mãos.
Obrigado, governador Geraldo Alckmin, por potencializar a transformação ética da educação!
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