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Na zona norte do Rio de Janeiro, numa região longe de pontos turísticos, com um dos piores IDHs da cidade, e em meio a barracos de milhares de famílias que vivem em situação de extrema vulnerabilidade, nasceu a maior horta comunitária da América Latina: a Horta de Manguinhos.
O espaço é cuidado por mais de 20 moradores da Favela de Manguinhos, que em troca recebem da prefeitura bolsa-auxílio pelos serviços prestados. A horta, onde hoje se cultiva batata-doce, quiabo e inúmeros tipos de hortaliças, começou a ser montada em 2013, num ponto da favela onde funcionava uma espécie de cracolândia, com alto índice de tráfico e consumo de drogas.
Com a iniciativa, o comércio ilícito desapareceu, dando lugar ao que hoje é um grande sacolão gratuito, a céu aberto, para toda a população da favela. Todos os meses, cerca de 2 toneladas de alimentos completamente livres de agrotóxicos são produzidos na horta e distribuídos a mais de 800 famílias que vivem no local. O excedente ainda é vendido e os lucros repartidos pelos agricultores urbanos da comunidade.
Ocupando um espaço de mais de quatro campos de futebol oficiais, a horta ainda ajuda a evitar enchentes na região, já que com ela a capacidade de absorção de água no solo aumentou consideravelmente. Um excelente negócio, né?
A iniciativa faz parte do programa Hortas Cariocas, da prefeitura do Rio de Janeiro, que mantém outras 41 hortas semelhantes, espalhadas por comunidades vulneráveis e escolas públicas da cidade. Pelo seu “incentivo a agroecologia urbana e à alimentação saudável para populações em situação de extrema vulnerabilidade”, a iniciativa foi inclusive considerada pela ONU como essencial para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a serem atingidos por todo o mundo em 2030.
Que o reconhecimento possa inspirar outras cidades do país a implementarem ações parecidas. Gente sofrendo com a fome por todo o Brasil, que poderia se beneficiar de iniciativas semelhantes, é o que não falta!
