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Já na adolescência, Camily Pereira se surpreendeu quando soube que, na infância, sua mãe não tinha acesso a absorventes no período menstrual. A conversa fez a menina querer buscar mais informações sobre pobreza menstrual e, mais do que isso, despertou nela a vontade de fazer algo para contribuir para o fim dessa realidade tão sofrida.
Sua determinação atraiu outras duas aliadas para o desafio: a professora orientadora Flávia Twardowski, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, onde estuda, e a colega Laura Drebes, que já vinha fazendo pesquisas sobre o uso de resíduos industriais para confecção de bioplástico – inovação que pode contribuir para outro problema latente quando o assunto é menstruação: a quantidade de lixo gerado por conta do uso de absorventes.
Um ano e muita pesquisa depois, as meninas chegaram a um protótipo de absorvente biodegradável, que em vez de algodão usa fibras de bananeira e açaí que sobram de processos agroindustriais e costumam ser jogadas no lixo. Já para substituir o plástico, recorreram a outro resíduo: os de fármacos da indústria nutracêutica. Por fim a parte do absorvente que fica em contato com a pele da mulher foi feita com retalhos de tecidos de costureiras locais.
Além de ser 60% mais eficiente do que os absorventes convencionais que existem no mercado, a invenção também é mais barata: um absorvente biodegradável inventado por Camily e Laura custa R$ 0,02 para ser produzido em laboratório – o que significa que a fabricação será, possivelmente, ainda mais em conta quando for feita em grande escala.
As jovens estão ansiosas por isso e planejam aumentar a produção com a ajuda de uma cooperativa local formada apenas por mulheres – uma forma de, além de tudo, gerar conhecimento, renda e empoderamento feminino. Voem, meninas!