Share This Article
Em meio ao caos nas bolsas de valores no mundo inteiro, a SITAWI Finanças do Bem abriu, nesta última quinta-feira (12), a possibilidade de investir em negócios de impacto socioambiental positivo na Floresta Amazônica. A plataforma de impréstimo coletivo permite financiar, começando por R$ 1 mil, um ou mais dos cinco negócios de impacto positivo. Ela funciona por peer-to-peer lending, modalidade em que uma pessoa empresta dinheiro diretamente para outra pessoa ou empresa de forma digital.
A plataforma proporciona — além do impacto positivo, alinhado à causa de conservação das florestas e valores dos investidores — uma rentabilidade equivalente a 12% ao ano, ou 289% do CDI (considerando a taxa em 5 de março de 2020), taxa atrativa especialmente em tempos de juros baixos. As empresas sociais que levarão incentivos nesta rodade de investimento são:
COEX Carajás: cooperativa de Parauapebas (PA) que tem como missão gerar renda e recuperar florestas pela extração e comercialização de produtos florestais;
Na’kau, de Manaus (AM): que produz chocolate a partir da produção sustentável de cacau por comunidades ribeirinhas agroextrativistas;
OKA, de Ananindeua (PA): que produz sucos com frutas nativas da Amazônia para os mercados nacional e internacional de forma sustentável e em escala industrial;
Pratika Engenharia, de Manaus (AM): que vende e instala painéis solares a valores acessíveis para comunidades quilombolas isoladas da Calha Norte do Estado do Pará, como alternativa a geradores a diesel; e
Tucum Brasil: com sede no Rio de Janeiro (RJ) e atuação nacional ao promover a arte das populações indígenas e tradicionais do país, gerando valorização cultural e renda para suas comunidades.
Juntos, os cinco negócios contribuem para 9 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O objetivo é mobilizar R$ 3,2 milhões, dos quais aproximadamente 30% serão captados de pessoas físicas que querem apoiar a conservação da floresta e ter retorno financeiro.
Ao mesmo tempo que ajuda uma ótima causa, a Plataforma é uma opção vantajosa para o empreendedor, que encontra condições melhores de juros em relação ao que conseguiria no mercado. Os empreendedores também recebem apoio técnico e consultoria da SITAWI e parceiros durante toda jornada.
De acordo com a Pipe Social, em seu estudo Mapa do Impacto 2019, 80% dos negócios de impacto socioambiental positivo no Brasil estão buscando investimentos. Desses, metade estão captando aportes entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão, faixa de financiamento mais escassa do mercado. “A nossa solução de financiamento atende a esse perfil de empreendedor, que tem pouco acesso a fundos de investimentos e a crédito bancário barato, mas que criou um negócio que gera impacto”, explica Andrea Resende, Gerente de Finanças Sociais da SITAWI.
Como investir
A plataforma está disponível em www.emprestimocoletivo.net. Os interessados podem visualizar o perfil, o impacto e as projeções financeiras dos negócios. Para participar, o investidor deve realizar um cadastro digital e fornecer informações tipicamente solicitadas por plataformas de investimento, assim como responder a um questionário sobre seu perfil de investidor. Depois de escolher os negócios apoiados, a pessoa faz a reserva de investimento e, para confirmar, deve realizar uma TED.
Após a conclusão da captação, são emitidos os contratos de empréstimo entre as partes e enviados para cada investidor os títulos de CDBV (Certificado de Depósito Bancário Vinculado), que são emitidos para comprovar o investimento. Em até 24 meses, os investidores terão recebido todo o dinheiro emprestado de volta, com acréscimo dos juros.
Conservação da Floresta Amazônica
A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta, e é também um repositório de serviços ecológicos para os povos indígenas, comunidades e todo o mundo. Ela tem papel fundamental na regulação do clima global, e funciona como estoque de carbono. A transpiração das folhas das árvores para liberar o excesso de água captada pelas raízes é fundamental para o regime de chuvas no Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil, num fenômeno conhecido como ‘rios voadores’.
Entretanto, dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em janeiro de 2020 apontam que o desmatamento na floresta cresceu 183% em dezembro de 2019, em comparação ao mesmo mês em 2018. Ainda segundo o Instituto, entre agosto de 2018 e julho de 2019, houve um crescimento de 29,5% comparado ao ano anterior. É o maior crescimento percentual em 20 anos. Essa devastação reduz a biodiversidade, e a queima das árvores libera carbono na atmosfera, ampliando o aquecimento global. E tudo isso afeta diretamente os povos amazônicos, que sobrevivem a partir do uso sustentável dos recursos naturais.
Investir em negócios que valorizam a economia da floresta — gerando conservação da biodiversidade, renda para suas comunidades e preservando a cultura local — é uma forma de contribuir para a conservação da Floresta Amazônica e para uma mudança no modelo de desenvolvimento da região. Os cinco negócios de impacto que participam da rodada amazônica da SITAWI caminham nessa direção. Eles fazem parte de uma rede de empreendedorismo socioambiental que já é realidade na Amazônia, mas que carece de investimento e apoio para consolidarem sua atuação.
“Com a Plataforma de Empréstimo Coletivo, apoiamos essa nova geração de organizações de impacto na Amazônia, dando visibilidade ao movimento e permitindo que investidores de todo o país possam contribuir de forma ativa na proteção dos recursos naturais de umas regiões mais ricas e importantes do planeta”, afirma Andrea.
*CDI em 05/03/2020