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“A gente colhe o que planta“. Quarenta anos depois de criar sua primeira horta comunitária, o município de Sete Lagoas, na região central de Minas Gerais, tem motivos de sobra para comemorar. A primeira horta deu origem a outras 7, gerando renda para 320 famílias e levando alimentos para 800 pessoas de baixa renda. Ao todo, o “mar de hortaliças” e outras leguminosas se estende por 24 quilômetros!
Em 2020, em meio à pandemia e ao aumento da insegurança alimentar da população, o projeto passou a doar alimentos para ONGs e centenas de famílias em situação de vulnerabilidade. Para Warley Raimundo, superintendente de agropecuária e abastecimento de Sete Lagoas, o Horta Social, como a iniciativa foi batizada, só é bem-sucedido graças ao trabalho interno dos próprios voluntários dentro das hortas comunitárias. “Com a pandemia, várias instituições do município começaram a produzir marmitas para doações em comunidades mais impactadas pela crise sanitária. Sendo assim, em uma roda de conversa com o prefeito Duílio de Castro e o vereador Caio Valace, resolvemos criar uma alternativa para ajudar”, explicou ao portal ECOA.
Cada horta contribui com uma fatia de doações de hortaliças e leguminosas, mas mantendo o objetivo principal de geração de alimentos e sensibilização dos produtores locais. “O programa tenta mudar o hábito alimentar, como também sensibilizar a população a respeito da segurança alimentar no município. Os horticultores estão se sentindo como cidadãos que geram solidariedade. E estão muitos orgulhosos de saberem que levam comida para mais de 800 pessoas por dia”, disse.
As hortas se dividem em diferentes regiões de Sete Lagoas. Os produtores que fazem parte do trabalho são selecionados pelos Cras, o Centro de Assistência Social, e recebem treinamento para o cultivo consciente. “Eles recebem a terra, água e energia elétrica gratuitamente. A única contrapartida é de fornecer alimentos para as escolas municipais”, explicou o superintendente.
Os produtores locais entregam os produtos colhidos para organizações da sociedade civil, que doam as refeições para a população vulnerável. A entrega dos alimentos ajuda economicamente a produção das refeições, uma vez que todo o processo é feito de forma voluntária. O catador de recicláveis Otacílio Cardozo, da Associação dos Recicladores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Sete Lagoas, contou que recebe as doações 2 vezes por semana. “É importante a criação do hábito do consumo de hortaliças junto à alimentação diária e hoje isso é realidade em nossa entidade. O pessoal que recebe não dispõe de recurso para comprar em supermercado ou sacolões”, completou.
As doações também beneficiam a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis e seus membros, como a Tatiane da Silva, uma das coordenadoras da entidade. Ela conta que essa ajuda é muito importante e auxilia 17 famílias que trabalham com reciclagem. “Eu agradeço muito em nome de todos nós. Recebemos duas vezes na semana e eles ainda levam até a gente. É um trabalho muito bacana e necessário”, completou. Por um Brasil com cada vez mais hortas e menos fome!