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Conhecida no mundo inteiro por uma vida dedicada a cruzar os oceanos em expedições marítimas, a família de brasileiros Schurmann está navegando, desde agosto de 2021, em uma nova expedição, a Voz dos Oceanos.
O projeto tem o apoio do Pnuma, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e visa não só conscientizar a humanidade sobre o desafio urgente da poluição plástica no mundo, mas também combater o problema. Em um time de 6 marinheiros, os Schurmann fomentam iniciativas locais de coleta e reciclagem dos resíduos plásticos que boiam nos oceanos em cada lugar onde ancoram seu veleiro.
“É um desafio extremamente urgente! Em 1997, já notávamos o aumento de resíduos até mesmo em lugares isolados por onde navegávamos. Um dia ancoramos na Ilha de Henderson, no Oceano Pacífico, um lugar tão isolado que só tem presença de pessoas a cada três ou quatro anos. Sentamos na praia e, de repente, avistamos no mar objetos azuis, verdes, vermelhos. Eram plásticos! Em 1997! Numa ilha deserta!”, conta Heloísa Schurmann, matriarca da família, durante conversa na sede da ONU, em Nova York.
Também presente no encontro, Erika Ternex, tripulante no veleiro dos Schurmann há 7 anos, compartilhou sobre casos marcantes para ela nesse tempo de navegação: “Nas Bahamas, por exmeplo, encontramos uma garrafa de plástico com duas mordidas superevidentes. Dava para ver as marcas dos dentes dos animais perfeitamente. Imaginamos que um pequeno barracuda ou um tubarão tenha confundido com comida e ingerido o plástico. É muito triste!”.
A expedição Voz dos Oceanos deve acontecer até dezembro de 2023, mas ela já adiantam que não têm planos de parar: querem seguir pelo mundo advogando por mares mais limpos e pela proteção da vida marinha.
As mulheres ainda aproveitam a oportunidade para destacar que os compromissos assinados por todos os países-membros da ONU ao final da Conferência dos Oceanos são muito pouco ousados, diante da urgência do desafio da poluição plástica no mundo. “Determinar que trabalharão para eliminar resíduos plásticos dos oceanos até 2050 é muito pouco. É um prazo tardio, que está longe demais da realidade… As leis têm que mudar para ontem! Tem que ser muito mais urgente do que a gente esperar até 2050. Estudos mostram que até 2040 terá mais plástico nos oceanos do que peixes e eu acredito nisso. Eu vejo isso! Encontramos uma quantidade assustadora de plástico quando velejamos pelos oceanos”, diz Heloísa, que destaca ainda que, além da implementação de leis e políticas ambientais, as ações de cada um para mudar a trajetória de aumento da poluição plástica nos oceanos é fundamental.
Assista, abaixo, um trecho da participação de Heloísa Schurmann e Erika Ternex no encontro que aconteceu na sede da ONU.