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Dona Eva sabe falar com propriedade sobre os perigos que as ruas oferecem às crianças. Nascida em Catanduva, ela se mudou para a capital paulista aos 12 anos para trabalhar como faxineira. Brigou com os patrões e foi parar na rua, onde morou por três anos, enfrentando todos os tipos de dificuldade que uma mulher sozinha pode encontrar nessa situação.
Pensa que ela se entregou? Que nada! Eva deu a volta por cima, saiu das ruas, foi morar no bairro do Glicério e, quando achou que tinha se livrado da violência, deparou-se com a realidade de uma região dominada pela criminalidade. Segundo estudo feito pela Fundação Seade, o bairro do Glicério está entre os 10 com maior taxa de homicídios de homens jovens. Por lá, mais de 33% dos adolescentes não frequentam a escola e 51% não terminam o Ensino Médio.
“Contemplando, dia após dia, a situação de risco dos jovens que ali cresciam e se envolviam com a criminalidade, me vi encurralada. Pensei ‘Sou mãe e terei que criar meus filhos aqui. Já que não tenho possibilidade de me mudar, a única alternativa é mudar este bairro pra melhor’”, conta dona Eva em seu site.
E ela não é de falar e não fazer! Fundou a Comunidade Esportiva Glicério, uma escolinha de futebol que já afastou da criminalidade mais de 200 crianças e adolescentes do bairro. Tia Eva, como é conhecida por lá, frequenta até as reuniões de escola no lugar dos pais de seus alunos, que na maioria dos casos são “adultos problemáticos”.
Atualmente, a escolinha é bancada pela prefeitura, mas Eva luta para conseguir patrocínios e, assim, oferecer melhores condições de treino aos seus meninos. O grande sonho da ex-moradora de rua é ver um de seus alunos na seleção brasileira. Ainda que não cheguem lá, eles têm um futuro lindo pela frente, desde o dia que seus caminhos se cruzaram, Eva!
Foto: Divulgação