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Em meados de 2014, escrevi uma reflexão aqui, no The Greenest Post, sobre a era dos descartáveis. Falava sobre como jogar fora objetos tinha se tornado algo tão comum. Banal. Eu observava o meu dia a dia e me esforçava para reverter a situação e reduzir a quantidade de materiais descartados — tanto os recicláveis quanto os orgânicos, por meio do minhocário.
A reflexão e o exercício de redução perduram até hoje, quase dois anos depois. Não é algo que se muda do dia para a noite, afinal os artigos plásticos são tão práticos e tentadores… Não usá-los é um hábito que você adquiri ao longo do tempo, com muita força de vontade.
Assim como enxergamos os objetos como descartáveis e facilmente substituíveis, sempre imaginei que aos poucos nos acostumaríamos com a ideia e acabaríamos tratando pessoas e relacionamentos da mesma forma. Pois bem, qual não foi minha surpresa ao descobrir que isso está acontecendo de fato.
Pelo menos é isso que conclui uma pequisa realizada na Universidade de Kansas: nós estamos condicionados a substituir amizades e relacionamentos assim como substituímos objetos. “Nós encontramos uma correlação entre a maneira que você olha para objetos e luta pelos seus relacionamentos”, diz o autor do estudo, Omri Gillath.
Omri chama isso de “relational disposability” (ou relações descartáveis, em tradução livre). Para o autor, essa atitude não é encontrada apenas em pessoas que se mudam muito e acabam perdendo contato com velhas amizades. “Até em relacionamentos românticos, quando eu pergunto aos meus alunos o que eles fariam se as coisas ficassem difíceis, a maior parte deles diz que prefere seguir em frente, em vez de tentar trabalhar o relacionamento”, conta. Que fase, não?
Foto: Julie Jablonski/Creative Commons
1 Comment
Autoridade Feminina
Lamentável, mas é de fato o que vem acontecendo. Relações líquidas, substituíveis. Infelizmente estamos involuindo em termos de equilíbrio e desenvolvimento emocional. Belo texto, e excelente reflexão.