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Você sabia que caixas de leite usadas podem fazer toda diferença na vida de uma família? É isso mesmo! A ONG Brasil Sem Frestas, que atua na cidade de Curitiba, dá um novo propósito para o material que é visto como lixo na maior parte das casas brasileiras.
A cidade, conhecida por ter uma das temperaturas mais baixas do Brasil, acaba trazendo uma série de desafios para famílias que vivem em condições precárias: casas construídas de maneira muito simples, sem qualquer vedação contra o vento, frio e chuva – além da possível entrada de insetos e animais peçonhentos pelas frestas.
O trabalho começa com a coleta e seleção das caixinhas de leite. Após recolhidas, elas são separadas por marcas e tamanhos e depois cortadas. Separadas, as caixinhas são devidamente cortadas e costuradas, formando placas de revestimento. Os voluntários levam as placas para regiões carentes, e com a ajuda de um grampeador de pressão, revestem todas as paredes e teto das casas.
A solução, que parece simples e sem muito segredo, melhora a condição de vida de muitas pessoas! Já são diversas casas revestidas, graças à equipe de voluntários. Cada casa precisa de aproximadamente 3 mil caixas para o trabalho completo.
Tudo começou em 2009, na cidade de Passo Fundo, quando a química Maria Luisa Camozzato se preocupou com famílias em vulnerabilidade social em meio a tempestades. Conhecedora da estrutura das embalagens Tetra Pak, naquela noite Maria Luisa teve uma inspiração: unir as caixas, fazendo uma placa com efeito de isolante térmico. Dessa forma, encontrou uma possibilidade de bloquear o frio, o vento e a água que entravam pelas frestas e buracos das casas.
Com a ideia em mente, a química convocou colegas para formar um grupo de voluntariado. Juntos, iniciaram o trabalho de coleta, corte e costura das caixas. A iniciativa permitiu que as famílias pudessem ter um conforto imediato, sem depender de grandes investimentos ou auxílio governamental. A partir daí foi criado o Brasil Sem Frestas e logo o projeto se espalhou para várias regiões do Brasil.
De acordo com a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), a cidade tem atualmente cerca de 400 ocupações irregulares e 49 mil famílias vivendo em residências consideradas precárias. Gente que não tem como se proteger das condições climáticas naquela que é considerada a capital mais fria do Brasil. Mas o número de inscritos no cadastro de pretendentes a imóveis da Cohab é ainda maior: 53 mil. E a espera por um lar digno não tem data para acabar!