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A transformação dos resíduos orgânicos em energia já é realidade. Lembra do jovem queniano de 17 anos que conseguiu criar um sistema para abastecer a escola local por meio de cocô? Também tem a cidade do Paraná, que já não paga sua conta de luz graças aos resíduos dos porcos e bois criados na região.
Os combustíveis fósseis podem até acabar um dia, mas os resíduos orgânicos sempre existirão aos montes! Por isso, pesquisadores da Universidade da Califórnia estão trabalhando para tornar todo lixo em potente combustível para os automóveis e fertilizante para as fazendas.
“Hoje a maior parte dos fazendeiros não tem tempo nem expertise para aproveitar bem os resíduos de seus gados”, explica David Wernick, pesquisador da Universidade da Califórnia. Quando isso acontece, o cocô acaba sendo compostado naturalmente, o que emite gases de efeito estufa, como o metano e óxido nitroso.
O grupo de pesquisadores desenvolveu uma bactéria que consegue “quebrar” os componentes dos resíduos orgânicos (tanto do gado quanto dos humanos, além de restos de alimentos). Depois de decomposto, é possível transformar o material em combustível e fertilizante.
Segundo Wernick, não será preciso comprar um modelo específico de carro para conseguir utilizar a tecnologia — como acontece com o etanol. “Você consegue colocar o combustível no seu carro atual e ele irá queimar e funcionar normalmente”, explica. A queima do combustível devolve o dióxido de carbono, absorvido por meio da fotossíntese das plantas e ingeridas pelos animais, para a atmosfera — fechando o ciclo da natureza. Não é tão verde quanto os veículos movidos a hidrogênio, que emitem vapor de água, mas já é um avanço.
No entanto, o biocombustível de cocô ainda não é economicamente viável. “Nosso desafio principal era resolver a questão do desperdício de recursos e não criar novas fontes de energia”, explica James Liao, professor de bioquímica da Universidade e parte da equipe de Wernick. “Ainda há muito trabalho pela frente”. Quem sabe eles não encontram um jeito de baratear o processo de produção e popularizam o biocombustível de cocô?
Foto: Robert Couse-Baker/Creative Commons