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Espiando a timeline do Facebook durante o trabalho — horas depois de ter colocado na minha lista de coisas a fazer “parar de usar tanto o Facebook” —, me deparei com uma chamada pra lá de singela. Sem vídeo, nem foto e com um link reduzido, a página do projeto Gluck me perguntava: Você conseguiria viver com menos de 100 objetos?
Contrariando todas as regras da social media, parei naquele post que se espremia entre o vídeo da Malala e a última “breaking news” da CNN. Eles estavam dizendo que 100 objetos era pouca coisa? Que eu, na minha vidinha pacata, uso mais de 100 coisas?
Mentalmente comecei a contar quantos objetos haviam espalhados nos armários, estantes e gavetas do meu quarto. Será que roupa entra na conta? Brinco? Calcinha? Maquiagem? Desodorante? E sapato, conta como um ou dois? Fiz todas as concessões possíveis. O resultado? Óbvio: tenho muito mais do que 100 coisas na minha vida.
Sou do tipo que gosta mais de viajar do que de comprar roupas, que evita shoppings, que já estudou marketing, que está com o salário apertado e limpa o armário anualmente. E mesmo assim, com apenas 25 anos, já juntei muito mais do que 100 coisas. Como? Não faço a menor ideia! E isso é o mais assustador.
Claro, tem “a sociedade consumista em que vivemos”, o apego aos livros e às maquiagens, a impossibilidade de descartar presentes sem ofender os familiares e alguns projetos inacabados, como voltar a desenhar, aprender a tirar fotos ou praticar yoga — o que inclui giz pastel, blocos de papel, máquinas fotográficas, filmes e um indispensável “mat” para meditação.
A tecnologia também não colabora. Quer dizer, imagina se nas “100 coisas” entrassem os arquivos e fotos salvos no computador, as séries listadas no Netflix ou os e-mails antigos e nunca deletados da caixa de entrada. Para mim, a missão se tornaria impossível. Pen-drive, HD, Google Drive, dropbox… Eu tenho todos e, claro, estão lotados.
Fazer o que então? Você pode seguir o conselho do americano David Michel Bruno e tentar passar um ano com 100 coisas. Ou, se seu pecado está no armário, seguir os conselhos da Courtney Crover e passar 3 meses com apenas 33 roupas (o que não inclui roupas íntimas e nem de ginástica — desde que essas sejam usadas apenas para ginástica).
Eu, que sou meio desorganizada e com certeza escolheria os itens todos errados, comecei mais devagar. Limpei meu desktop (uhu!), vou fazer uma lista de itens essenciais e/ou muito queridos, organizar uma vendinha com o resto e quem sabe começar o próximo ano pronta para encarar um ano sem Zara e sem MAC ou livrarias — me faltam passagens e saldos positivos no banco, mas não faltam batons vermelhos, sombras intocadas e obras clássicas nunca lidas.
E para vocês, o que está sobrando?
Foto: Desire Spend Consume Repeat/Creative Commons
Por Giovanna Maradei.
Escrevendo sobre cinema, comida, viagem, feminismo, tecnologia, sustentabilidade e outros assuntos que ainda vão mudar o mundo no https://medium.com/@Gimaradei/