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Quem está acostumado a ir a partidas de futebol sabe que a presença de pessoas em situação de rua nos arredores dos estádios em dias de jogos é bastante comum: seja para catar recicláveis, cuidar dos carros ou ainda vender bebidas, elas estão sempre lá, aproveitando a grande concentração de pessoas para, de alguma forma, gerar renda para sua sobrevivência.
Pessoas que acompanham o antes e depois dos jogos como ninguém, mas que durante as partidas ficam completamente excluídas da situação, podendo, no máximo, escutar os gritos que vêm de dentro do estádio. Consegue imaginar a sensação?
Pois, pela primeira vez, um clube de futebol teve a sensibilidade de convidar a essas pessoas para viver a experiência de estar do lado de dentro do estádio para, de fato, assistir a uma partida ao vivo.
A iniciativa veio do Flamengo, que em parceria com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro levou 22 pessoas em situação de rua, que vivem atualmente no Centro de Acolhimento Tom Jobim, na Ilha do Governador, para assistir a um jogo do Brasileirão.
Além de ingressos, os convidados – todos flamenguistas! – ganharam também refeição, camiseta do time e a oportunidade de assistir a uma goleada. Na ocasião, o Flamengo ganhou de 5 a 0 de seu adversário, o Athletico Paranaense, no Maracanã.
Mas, de longe, o maior presente para essas pessoas foi a oportunidade de se sentir parte. Excluídas diariamente, nas mais diversas situações, unicamente por estarem em condição de calçada, as pessoas em situação de rua lutam todos os dias contra a invisibilidade e o preconceito. Um convite como esse, portanto, representa mais do que uma oportunidade de assistir a um jogo, mas de resgatar sua dignidade.
Oferecer “espaços mais democráticos e diversos nos estádios” é o grande objetivo da iniciativa do Flamengo, que foi batizada de Nação no Maraca. Que golaço! Que seja a primeira de muitas partidas abertas à população de rua. E que outros clubes e estádios também abram suas portas.
