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O consumismo está relacionado ao consumo excessivo. Esse comportamento pode ser caracterizado como destrutivo, não apenas para as finanças pessoais, mas também para o planeta.
Infelizmente, o consumismo infantil no Brasil ainda está presente em grande parte das famílias. Dentro de casa, uma criança influencia na maioria das atitudes de compras dos pais. As empresas, com o intuito de atingir um grupo alvo mais vulnerável, buscam muitas vezes direcionar campanhas de marketing para crianças de até 12 anos de idade.
Por isso, ao abordar o tema com os pequenos, os adultos estarão cuidando não apenas de suas contas bancárias, mas do meio ambiente como um todo. Felizmente, existem maneiras de ensinar às crianças a discernir entre o necessário e o supérfluo. Além disso, é importante que entendam desde cedo quais os efeitos do consumo exacerbado no planeta e em suas vidas.
Siga as dicas para descobrir o que leva as crianças a se tornarem consumistas e como abordar esse tema para criar uma geração mais consciente.
1 – Educação financeira
Não é novidade que a educação financeira é um dos pilares da vida de um indivíduo desde a infância. Quanto mais cedo esse tema é abordado com as crianças, menos dificuldade elas terão de lidar com dinheiro no futuro e mais entenderão como funciona o processo de se obter e utilizar os recursos financeiros. A educação financeira está diretamente ligada ao consumismo por motivos óbvios. Quanto menos um indivíduo se informa sobre as formas de gerenciar seu dinheiro, mais prejudicial esse processo pode ser para o meio ambiente. Dessa forma, um método de se gerar interesse e diminuir o consumo exacerbado, é ensinando as crianças de como o processo do dinheiro funciona, o que podemos fazer com ele e os efeitos dessas escolhas no meio ambiente. É importante ter em mente que o consumismo não é natural. Uma pessoa tem que ser ensinada ou exposta a exemplos que influenciam práticas consumistas. Sendo assim, é essencial que os pais ou responsáveis abordem esse tema desde sempre, para que, ao se depararem com situações de alta exposição ao consumismo, as crianças saibam discernir o que é o correto para elas mesmas.
2 – Publicidade infantil
Relacionado à educação financeira e o que citamos sobre as crianças não nascerem consumistas, precisamos enfatizar os efeitos da publicidade infantil. A publicidade infantil é toda ação de marketing com o intuito de vender produtos ou serviços para crianças de até 12 anos. O problema dessa prática é que isso desenvolve nas crianças um desejo pelos objetos ou estilo de vida apresentados nestas ações. Além disso, sendo mais vulneráveis, as crianças não conseguem discernir o que querem e o que precisam, fazendo com que a persuasão seja mais eficaz com esse grupo. Muitas vezes, os pais e babás não possuem controle de quando as crianças estão sendo expostas a esse tipo de publicidade, uma vez que, a publicidade infantil está presente na televisão, em pôsteres, fotos, rádios, etc. Isso é ainda mais significativo em datas comemorativas como o Natal e Dia das Crianças, por serem datas em que existe a tradição de presentear as crianças. Em 2014, a publicidade infantil foi caracterizada pela Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) como abusiva. Desde então, muitas empresas são acusadas de práticas abusivas em relação à publicidade infantil. Na União Europeia, uma série de regras são impostas a fim de regular a prática. Em países como a Noruega, por exemplo, a publicidade infantil é completamente proibida. Para entender mais sobre a publicidade infantil, assista ao Documentário Criança – A alma do negócio.
Como o Brasil não possui leis tão rígidas quanto outros países e regiões, uma saída é o diálogo. É eficiente que os pais conversem abertamente com as crianças sobre esse tema. Uma vez que evitar ou proibir completamente que a criança consuma esse tipo de conteúdo seja um extremo difícil de ser alcançado. Explique às crianças o que são empresas e porque fazem isso. Deixe claro o que é o discernimento e qual é o objetivo por trás de uma propaganda voltada para o público infantil. Dessa forma, os pequenos entenderão que essa é uma forma de persuasão e se sentirão mais no controle de seus sentimentos. Dependendo da idade da criança, você pode propor que assistam ao documentário mencionado juntos.
3 – Seja o exemplo
Quando for às compras, tenha certeza de se comunicar com os pequenos. É possível que, ao verem produtos que desejam, os pais muitas vezes não comuniquem isso às crianças, pois não querem influenciá-los a ter o mesmo comportamento. Porém, é completamente normal que adultos também desejem objetos e deixem de comprá-los, seja por motivos financeiros ou apenas porque não precisam de determinado item naquele momento. Em vez de guardar isso para si, é interessante que converse com seus filhos ou as crianças que você cuida sobre isso. Ao ver determinado objeto em uma prateleira ou vitrine, você pode dizer “Que item legal, eu até gostaria de tê-lo um dia, porém como já possuo muitas coisas, vou esperar até que ele se torne realmente essencial!”. Muitas vezes, nós subestimamos as crianças e suas capacidades de interpretação. Temos certeza de que as crianças se espelham em seus pais e adultos próximos. Dessa forma, é provável que os pequenos absorvam esse pensamento e comecem a pensar duas vezes se realmente precisam daquele brinquedo que viram com seus amiguinhos ou na televisão!
4 – Converse abertamente com as crianças sobre seus objetos de desejo
Seguindo a mesma linha de raciocínio do tópico anterior, em vez de imediatamente negar algum objeto desejo das crianças, converse sobre ele. Tente entender de onde veio esse desejo, em primeiro lugar. Pode ser que a criança tenha visto esse item em alguma publicidade ou em sua escolinha, com outras crianças. Explique que, infelizmente, as pessoas responsáveis por tais publicidades, têm o intuito de despertar exatamente esse sentimento. Se a criança tiver visto um brinquedo de desejo com outra criança, você pode explicar que é possível que brinquem juntos, dividindo este e outros brinquedos que seu filho, ou a criança que cuida, possua. Pergunte sobre o seu nível de necessidade de possuir um determinado item, e coloque-o em uma lista de necessidades x desejos. Explique para a criança que caso seja uma necessidade, poderá adquiri-lo em um momento oportuno, decidido pelos pais ou responsáveis da criança. O importante é validar o sentimento das crianças e identificar sua origem, para que seja possível trabalhar a exposição das crianças à publicidades e as melhores formas de lidar com a frustração e paciência.
5 – Não presenteie crianças com objetos toda vez que cumprirem uma tarefa
É muito comum que pais e familiares dêem às crianças presentes por cumprirem tarefas. Seja quando passam de ano, ou quando se alimentam bem ou fazem suas tarefas durante a semana. É claro que, a escolha de recompensas é de responsabilidade dos pais ou responsáveis. Porém, ao oferecer objetos físicos cada vez que a criança cumprir uma tarefa, a criança irá relacionar fazer algo bom a ganhar um item novo. Esse sentimento poderá perdurar durante muitos anos da vida de um indivíduo, fazendo com que o processo de lidar com os sentimentos e a realidade seja mais difícil no futuro. Não se esqueça que existem determinadas tarefas que são de responsabilidade das crianças perante a sociedade. Para isso, é importante que os adultos tenham consciência dos direitos e deveres das crianças. Dessa forma, recompensá-los por estudar ou respeitar os mais velhos, não é sugerido. Em contrapartida, quando os adultos julgarem que as crianças realmente merecem um prêmio ou recompensa, existem outras alternativas que podem substituir os objetos físicos. Algumas sugestões podem ser um passeio a um parque ou deixar que decidam onde querem passar um dia especial. Outras alternativas podem ser uma refeição, chamar os amiguinhos para um dia de filmes em casa, festa do pijama, ir ao cinema, etc. Temos certeza de que as crianças ficarão felizes de comemorar alguma realização com momentos, em vez de coisas.
6 – Lide com os brinquedos antigos de forma inteligente
Outro ponto importante ao lidar quando o assunto é crianças e consumismo é como os pais ou responsáveis gerenciam os brinquedos que as crianças já têm. Conforme crescem, as crianças alguns dos brinquedos das crianças se tornam inapropriados para suas idades. Todos sabemos que o ideal nesse caso, é descartar esses brinquedos de forma consciente. Um exemplo disso é doando esses itens para outras crianças. Não se esqueça de verificar previamente com a instituição que receberá esse item se o mesmo é realmente necessário. Outra sugestão do que fazer com esses brinquedos é trocar com outras famílias. Muitas vezes é possível achar brinquedos que a sua criança deseja, ou que será útil para seu desenvolvimento dessa forma. Porém, caso a criança tenha apenas enjoado ou esquecido de algum brinquedo ou outro objeto, tente guardar o mesmo! Esse é um truque que pode ser muito eficiente, devido ao fato de que ao passar muito tempo fora da vista de uma criança, um brinquedo pode se tornar “novo” após algumas semanas ou meses. Faça esse teste em casa! Identifique os brinquedos que não estão sendo utilizados e guarde-os em uma caixa. Após algum tempo, abra a caixa com as crianças e verifique suas reações. Pode ser muito divertido se reencontrar com brinquedos de brincadeiras antigas em vez de comprar novos itens frequentemente.
Gostou das dicas? 🙂